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Arquivo : Sócrates

Para Moraci Santanna, Dunga não deveria ser o técnico da Seleção Brasileira
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Entre um cafezinho e outro, bati um longo papo com o preparador físico Moraci Sant’Anna.

Vencedor por natureza, ele foi campeão na maioria dos clubes por onde passou, com destaque ao Bi da Libertadores e Bi Mundial pelo São Paulo, fora títulos estaduais e brasileiros. Além disso, teve muito sucesso na Seleção Brasileira. Trabalhou com Telê Santana e Parreira, dois ícones do nosso futebol.

Para Moraci, a melhor seleção que viu jogar foi a de 82, que acabou perdendo um jogo sem nome para Itália por 3 a 2. Moraci me confidenciou que, depois do jogo, todos foram para os seus quartos sem abrir a boca. Na hora do jantar, o presidente da CBF da época, Giulite Coutinho, leu uma centena de faxes enviados por torcedores, elogiando os jogadores apesar da derrota, mas não conseguiu ler todos, caindo no choro.

Sócrates, tentando salvar a situação, foi falar com os colegas, mas também não conseguiu. As lágrimas não deixaram. Por fim, foi a vez de Júnior, que logo depois de começar a falar, não conteve o choro e lá acabou a tentativa de papo.

Em 86, Moraci ficou inconformado com as cobranças de pênaltis perdidas na partida contra a França. Nos treinos, os únicos que não perderam um pênalti foram Sócrates e Julio César e na hora H os dois falharam.

Das coisas boas, não esquece o Tetra nos EstadosUnidos, onde Parreira era o técnico e com Zagallo na comissão.

Lembra de uma coisa que quase ninguém sabe. O lateral Branco, que fez um gol decisivo na Holanda, classificando o Brasil, era para ser cortado. O lateral esquerdo teve um problema na coluna, e os dez dias de preparação não seriam suficientes para a sua recuperação. Numa reunião da Comissão, o médico Lídio Toledo falou que por ele, Branco estava cortado.

Zagallo seguiu com a opinião do médico. Mas Moraci discordou. Disse que se colocasse Branco numa piscina, sem colocar o pé no chão, com um colete de salvamento, deixaria o lateral pronto para jogar. Parreira desprezou as duas opiniões de corte, de Lídio e Zagallo, e confirmou Branco. Não foi à toa que quando fez o gol de falta na Holanda, apontou para Moraci , chorando compulsivamente, oferendo, agradecido, o gol ao preparador da Seleção. Coisa que, na época, pouca gente entendeu.

Moraci me contou uma outra coisa, que poderá surpreender muita gente. O preparador físico não tem salário na Seleção. Só o técnico e o seu auxiliar. Um absurdo, porque se o cara está sem clube, fica só com o dinheiro do “bicho”, e quando recebe.

Na época de Nabi Abi Chedid como presidente, foi acertado um prêmio de 24 mil dólares para cada membro, caso o time passasse de fase. Eles passaram, mas chegando aqui, Moraci tomou um susto com o valor do cheque: 500 dólares, ao invés dos 24 mil. Entrou na Justiça contra a CBF e ganhou a parada.

Outro absurdo na CBF? O preparador físico, que é a alma dos jogadores, não é contratado pela entidade. Desse jeito, não acompanha o trabalho junto ao técnico, avaliando os jogadores antes das competições. Temos olheiros, mas não um preparador físico exclusivo. Vai entender. Por isso, vemos esse desnível físico acentuado em nossa Seleção.

E a preparação da Seleção para as futuras competições? É uma brincadeira. Os Estados Unidos já estão se planejando para 2028. Isso mesmo, 2028. E nós estamos preocupados com a próxima Copa. Isso se passarmos pelas Eliminatórias. Infelizmente dependemos do futebol de Neymar, e ele, com a desclassificação do Brasil  na Copa América, está fora das duas primeiras partidas das Eliminatórias.

Outra coisa relevante foi que Moraci Sant’Anna falou foi sobre Dunga. Ele acha que o gaúcho não deveria ser o técnico da Seleção Brasileira. Segundo o preparador físico, ele não deveria ter assumido o cargo de novo. O restrospecto dele é pífio, segundo Moraci. Uma passagem frustrada pelo Inter de Porto Alegre e uma desclassificação numa Copa do Mundo é muito pouco para ser o comandante da seleção.

Para Moraci, o técnico Tite estava bem mais preparado para assumir o cargo. Era o nome certo. Aliás, ele fez um ranking de melhores técnicos e jogadores. Vamos a ele. Técnicos: Telê, Parreira e Zico.

Entre os jogadores, tirando Pelé que não pode concorrer com os “normais”, ele destaca pela ordem: Zico, Ronaldo Fenômeno, Romário e Sócrates. Ele acha que Messi é melhor que Maradona, tem mais objetividade e visualiza as jogadas que só os gênios conseguem.Quanto a Neymar, Moraci acha que ele em breve poderá ser o número um do mundo.

Ele ainda desvendou o mistério do corte de Renato Gaúcho por Telê Santana, e ainda o abandono de Leandro por causa do companheiro. E mais, a grana que os europeus pagam aos jogadores da Seleção e para aonde vai, se Zico aceitar o cargo de técnico na Índia. Então vamos por partes.

Os alemães ganharam, por fase, 600 mil dólares. Bem acima dos nossos que, também depois dos 7 a 1, deveriam ficar bem quietinhos.

O time que deverá preparar em conjunto com o Zico é o Goa, um dos grandes de lá. E quanto a Renato, não foi por ter pulado o muro às 4 da manhã com Leandro na Toca da Raposa em 86, onde até os seguranças tiraram a arma para atirar.

A causa foi porquê Renato tinha a mania de driblar duas a três vezes, antes de cruzar, e Telê ficava p* da vida.

No jogo contra o Peru, antes da Copa, Renato contrariou Telê e fez isso. No vestiário já estava cortado. Leandro, quando foi convocado logo após esse jogo, se sentiu culpado, pensando que era o caso do muro. Tomou um porre em sua casa e, mesmo Zico e Júnior tendo ido lá e quase arrastá-lo para o embarque, Leandro não foi.

Entre um café e outro, e depois de tantas histórias, desejei boa sorte a Moraci na Índia, mas ainda existe uma possibilidade de ficar no Brasil, porém, o time ainda é segredo!

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Três médicos, três craques da bola
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Afonsinho e Tostão são contemporâneos. Os dois nasceram em 47, e tiveram caminhos distintos. Um foi descoberto pelo XV de Jaú e foi direto para o Botafogo do Rio, onde conseguiu vários títulos, entre eles a Taça do Brasil de 68.

Afonsinho foi muito além de craque. Foi um defensor ferrenho da classe. Ele foi barrado no clube por usar cabelos compridos e barba, mas não se dobrou aos dirigentes. Brigou pelos seus direitos no Superior Tribunal de Justiça Desportiva e acabou recebendo, pela primeira vez na vida de um jogador, o passe livre em 71, coisa que os profissionais só conquistaram 21 anos depois.

Afonsinho foi tema de música, “Querido amigo Afonsinho”, composta por Gilberto Gil e cantada pela genial Elis. Vale a pena você ouvir. Hoje ele é médico do serviço público na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

Tostão foi genial no Cruzeiro e na Seleção Brasileira, mesmo tendo problemas com um descolamento de retina, após levar uma bolada no olho do zagueiro Ditão, no jogo Corinthians e Cruzeiro. Foi operado em 70 em Houston, no Texas, e, no mesmo ano, foi convocado e jogou a Copa no México, onde foi peça fundamental e fez jogadas sensacionais como aquela contra a Inglaterra, onde saiu o gol da vitória diante dos ingleses.

Fez Medicina em 75, em Belo Horizonte, e largou o futebol, ficando distante desse mundo por muito tempo. Mas não aguentou e voltou. Hoje é colunista de esporte de sucesso.

O outro médico e craque foi Sócrates. O doutor deixou sua marca de gênio no Corinthians e na Seleção. Fez Medicina em Ribeirão Preto, onde jogava no Botafogo.

Convivi com Magrão em muitos momentos e vi de perto o que aquele calcanhar e cabeça fizeram de estrago nos  adversários. Sócrates, a exemplo de  Afonsinho, foi um idealista. Lutou pela classe e pelos brasileiros. Participou das Diretas Já, em 85, e da Democracia Corintiana, movimento que libertava os jogadores do jugo dos Clubes.

Com o apoio do diretor de futebol da época, Adilson Monteiro Alves, e de companheiros como Casagrande, Wladimir, Biro Biro e Zenon, marcarou uma época de vitórias no Timão. Infelizmente, o doutor nos deixou há quase 4 anos, por causa de problemas gerados após uma intoxicação alimentar.

Vale lembrar que Tostão continua sendo o maior artilheiro do Cruzeiro com 249 gols, teve uma rápida passagem pelo América-MG, onde começou, e um ano no Vasco. Sócrates passou pela Fiorentina, Flamengo e Santos, time que era muito querido por ele. E ainda deu ar de sua graça no Garfhort Town da Inglaterra, onde jogou uma partida em 2004.

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