Blog do Andreoli

Romário é bom de briga

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Romário sempre foi uma figura polêmica, dentro e fora de campo.

Morei no mesmo prédio que ele no Rio.

Vi que, na época, ele era odiado pelos outros moradores por causa de sua displicência. Parava dois carros numa garagem e pouco se importava com as reclamações. E esse estilo, Romário já tinha levado para os gramados.

Por onde passou colecionou brigas. E algumas feias. Chegou a meter a mão na cara de Andrei, numa partida contra o São Paulo. O tricolor paulista goleou o Fluminense no Morumbi, por 6 a zero, e o baixinho,  irritado com a atuação do zagueiro, partiu pra cima dele.

No tricolor carioca, ainda, deu um show de grosseria quando agrediu um torcedor que o aborreceu num treino. Ele saiu dos vestiários e quebrou a cara do grandalhão nas arquibancadas das Laranjeiras.

No Vasco, teve problemas com Edmundo que, até a sua volta, era o queridinho da torcida. O centro-avante chiou que ele, Romário, tinha privilégios e era o príncipe de São Januário, completando, ainda, que o rei era o presidente Eurico Miranda.

Aí, Romário, quando atingiu a artilharia do Campeonato, não deixou barato e respondeu: ''Agora, a corte está completa. O rei, o príncipe e o bobo'', se referindo a Edmundo.

Chorou quando foi cortado na Copa de 98 por problemas físicos, segundo a comissão técnica da Seleção, Zagallo e Zico. E não perdoou. Dono de uma boate na Barra, naquela ocasião, colocou a caricatura dos dois nos banheiros da casa.

Resultado da brincadeira? Processo duplo contra Romário.

E, fora das quatro linhas, se meteu em brigas homéricas na justiça. Uma delas com sua primeira mulher, Mônica. Um dia, ela me confidenciou que o baixinho, de raiva, mandou  bloquear um container que vinha da Espanha, onde moravam, com as roupas dela, a deixando de tanga, literalmente. Monica tinha um Jeep Cherokee, mas Romário cortou a grana e ela ficou sem dinheiro até para a gasolina.

Romário também se especializou em frases antológicas. Falava para os mais novos que eles estavam chegando e querendo sentar na janelinha. Outro desafeto dele, Pelé, teve que escutar essa: ''O Pelé calado é um poeta''. Romário achava que o Rei do futebol só falava besteira e não entendia nada do assunto.

E quando queriam que parasse, naquela loucura dos mil gols, ele dizia que sabia que não corria mais, mas conhecia os atalhos do campo. Se achava um dos três maiores jogadores de todos os tempos, perdendo apenas para Pelé e Maradona.

Colecionou desafetos também na crônica esportiva, detonando vários comentaristas como Casagrande, Márcio Guedes, Renato Maurício Prado, e até os que admirava, como Juca Kfouri. Elogiou apenas Datena, que não gostava dele, e Kajuru, pois, segundo ele, tinham ''peito'' pra falar as coisas na cara.

Mas, o divisor de águas na vida de Romário foi o nascimento da sua filha, há nove anos. Ivy, que nasceu com Síndrome de Down, deu um novo sentido à vida dele. Numa entrevista, ele confirmou que ela o fez mais sensível, social, paciente e compreensivo. Fez dessa situação uma bandeira, começou a lutar por causas e não por brigas particulares.

Hoje, senador, tem se destacado por ser assíduo no Congresso e tentar emplacar projetos, dentre eles os que visam uma condição melhor aos portadores de deficiência.

Agora a luta é passar o Brasil a limpo no futebol. Conseguiu assinaturas suficientes para abrir um CPI do que acontece na CBF. Ele pretende abrir a caixa preta da entidade e colocar os bandidos de colarinho branco na cadeia.

Tomara que consiga. Quem torcia para o baixinho fazer jogadas sensacionais espera, agora, que ele e o time que joga a favor da honestidade consigam fazer esse golaço a favor do Brasil.

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