Num dia primeiro de abril dos anos oitenta, quando apresentava o Globo Esporte, o nosso editor chefe, o genial Michel Laurence — que nos deixou há pouco tempo, e que é o pai do Bruno, que faz parte do time do esporte da Globo — teve um ideia. Fazermos um jornal, só com notícias sensacionalistas e não verdadeiras, em homenagem ao dia da mentira.

Tinha de tudo. Zico, ídolo do Flamengo, dando uma entrevista falando de sua transferência para arqui-inimigo Vasco. As pessoas ficaram pasmas, com as declarações do galinho que, na maior cara de pau, falou de sua vontade de jogar em São Januário.

Hortência, a rainha do Basquete, deu uma exclusiva onde falava de uma troca de times entre ela e Paula, por grana. Elas que eram as maiores rivais nas quadras brasileiras. Um escândalo para os fãs de ambas.

E assim fomos até o final do Jornal com mais e mais reportagens mentirosas. Mas tudo com um fundo musical  de Erasmo Carlos, o ''Pega na Mentira''.

Achamos que tínhamos feito um grande trabalho. Engraçado, escandaloso e com certeza as pessoas saberiam que não passava de uma grande brincadeira.

Mas a Globo quase não perdoou a gente. A revista Veja foi lá na hora, querendo saber quem bolou aquilo e saiu com uma matéria mandando ver.

Armando Nogueira, diretor de jornalismo, pediu a demissão de todos. Ficamos apavorados. Depois de muitas negociações, todos garantiram seus empregos.

Depois dessa, parei de brincar com o tal de primeiro de abril!

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