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Arquivo : J. Hawilla

Vi um J. Hawilla rico e solitário
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Alexandre Rezende – 22.nov.2011/FolhapressHawilla

Quando tive o primeiro contato com J.Hawilla na Globo, vi que ele era uma pessoa que tomava decisões apoiadas em opiniões de amigos mais chegados. Foi ele quem me levou para lá em 82, mas antes pediu conselhos a Dante Mattiussi, diretor de Jornalismo da emissora na época, em relação a minha contratação.

Nesse tempo, o comandante do esporte era Ciro José, que fundou a Traffic e que depois colocou Hawilla como sócio. Aos poucos, Ciro foi deixando a empresa e Hawilla, com tino comercial muito maior, fez um império comprando os espaços comerciais, as chamadas placas dos gramados. Seus negócios cresciam a tal ponto que ele foi estreitando a amizade com a CBF.

Fiquei na Globo durante seis anos e sai para fazer parte da equipe de Luciano do Valle na Band, muito a contragosto de todos na emissora que deixei. Mesmo na Band, Hawilla falava com antigos compaheiros como eu e uma me vez pediu um favor de entrevistar o ex presidente da CBF Otávio Pinto Guimarães que tinha novidades da entidade. Era uma matéria interessante e no Verão Vivo, colocamos Otávio no programa. Ele me agradeceu e ficamos um bom tempo sem nos falarmos.

Depois vi as confusões entre ele, Ricardo Teixeira e e a CBF e me lembrei do tempo em que Hawilla era apenas um chefe regional do esporte.

Hawilla não falava com ninguém por telefone, mas sempre me atendeu. Nunca toquei nesses assuntos porque nossa amizade se restringia à gratidão que eu tinha por ele.

Da última vez que o vi, no ano passado, porque tinha a possibilidade de trabalhar na TV Tem, encontrei um Hawilla amargo. Sozinho numa sala enorme na Traffic, falando do erro de ter comprado o Diário de São Paulo e da responsabilidade que a empresa dele teria na Copa realizada no Brasil.

Cheguei em casa e comentei com minha mulher se toda a grana que ele ganhou e, ainda, a vaidade que  sempre conservou desde os tempos que começou a faturar alto tinham valido a pena. Hoje vejo, com tristeza, como um velho amigo se atrelou ao poder a esse preço.

Réu confesso, como informou o FBI, ele vai pagar uma fortuna, mais de 100 milhões de dólares, para não passar o vexame que o vice-presidente da CBF José Maria Marin está enfrentando agora, sendo preso em Zurique.

Sou a favor da justiça, doa a quem doer, porque o país precisa dar uma resposta ao mundo. Mas como companheiro há mais de 30 anos, lamento muito.

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